Aurora Dizimada
No meu peito há uma célebre hóspede...
E, que a verdade seja dita, desde eras remotas
Acompanha-me essa dor que não se esgota.
Por vezes ela adormece... Omite-se...
Faz parte da tortura que ela tem me imposto
Permite-me um riso e, logo, volta-me seu rosto.
Tétrico rosto que me espreita, voraz
Cingindo-me com sua sombra assaz funesta...
Aos poucos dizimando a aurora que me resta.
Assim, com um riso decrépito nos lábios
E co’alma a exalar um fartum de aurora putrefata.
Atravesso a vida carregando a morte, sorte ingrata!