Ser moderno

Ficou tão chato ser moderno.

Ficou tão chato ser.

Usando sempre o mesmo terno

espero o eterno acontecer.

Meus passos vão apressados

por muitas ruas.

Onde sonhos se entrelaçam, mas

nunca se misturam.

Há muita gente sob o mesmo céu

e eu cansei de o dividir com essas

almas cuspidas ao léu.

Quero ver um pouco de verde:

No retrato, nas árvores, na parede

ou mesmo no meu ser.

Quero ser o que nunca fui:

Menos eu e mais você.

(Você que é amor, que sente dor,

que sente prazer e que sabe viver.)

Também quero o sabor.

Da fruta mais doce, do beijo mais divino,

do corpo mais amargo e da pureza de menino.

Ficou tão chato ser moderno que até o meu

terno rasgou .

A vontade ser eterno também já passou.

E agora? O que resta?

Resta o que em mim brotou.

A natureza inventada que minha vontade

desesperada aceitou.

Luís Lobato
Enviado por Luís Lobato em 24/01/2013
Reeditado em 24/01/2013
Código do texto: T4101554
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