Apogeu da dor

Tere Penhabe

Eu sempre quis ser dócil,meiga

ponderada e tolerante, uma perfeita viajante

nessa passagem pela terra, em paz ou guerra

poder partir sem ter do que me arrepender.

Até pensei que tinha conseguido, em tantos anos

jamais parei pra remoer nada que eu tenha feito

confio em minhas qualidades e defeitos

a ponto de saber que se errei, foi sem querer.

Mas hoje eu já não sei...

Nunca senti espinhos tão profundos em mim

nunca quis alcançar nada que estivesse tão distante

que retornar o tempo é reverter o vento...

Querer não é poder! Agora eu sei...

Que tenha sido pela dor a aprender, é o que mais dói!

Pois se eu passei a vida a propagar o amor

porque eu chego agora ao apogeu da dor?

Queria poder fechar os olhos e não sentir

partir talvez, para um ponto distante no horizonte

atrás da serra, atrás dos montes, tão longe

que não me fosse permitido lembrar... que eu existi.

Santos, 11.02.2007

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