Glosas

Não quero ver meu sertão

Se afogando sem ter água

Não quero escutar a mágoa

Que enfeita a devastação

Não quero ver o meu chão

Ser gozação das novelas

Nem quero ver nas janelas

Amores sem sentimentos

Não quero ouvir os lamentos

Que destroem coisas belas

Nos versos que eu componho

Tiro essência de alegria

Tomo banho de poesia

Deixando o peito risonho

Quando deito, durmo e sonho

Que flutuo sobre a terra

Se a inspiração se encerra

Na métrica aponto e miro

Se um verso valesse um tiro

Eu tava armado pra guerra

Quando a saudade se enfeita

Que encontra o peito carente

Ela chega de repente

Vai entrando e se aproveita

Pega um verso e se deleita

Acaba qualquer valor

Se instaura e deixa o calor

Que a distância edifica

Saudade se metrifica

Nos peitos que existe amor

Quando chega a tardinha de repente

Todo o céu se enfeita sem calor

E o crepúsculo se foma dando cor

No horizonte que fica diferente

A poesia aflora e vem na mente

Que o poeta se inspira nessa hora

Basta um verso e o cenário enfeita a aurora

Quando a lua aparece lá no céu

Com um brilho que tem a cor do mel

Todo verso é de amor e o peito chora

Procurei encontrar na poesia

O amor que em vida nunca tive

Encontrei a paixão que em versos vive

Nos sonetos de minha alegria

Decassílabos nostálgicos que um dia

Me serviram de pura inspiração

Galopando as quimeras do sertão

Que as sextilhas formaram pouco a pouco

E nas quadras me fiz de eterno louco

Só pra ter um momento de paixão.

Quando os versos faltarem na memória

Vou tomar um bom gole de improviso

Entoar a cantiga de um sorriso

E criar de sonetos minha história

Se eu perder os meus versos perco a glória

Que a vida me deu e sigo a reta

Eu sem versos não sou mais um profeta

Que improvisa os galopes que sonhar

Se eu perder os motivos de rimar

Perco junto a emoção de ser poeta.

Ao jurar que amava você fez

Eu jurar compromisso entre nós dois

Entretanto esqueceu, pois bem depois

Foi correndo pros braços de um “talvez”

Nem deixou-me chegar na sua vez

E abraçou outros braços por querer

Não deixou nem ao menos parecer

E hoje em dia nem pensa em me amar

Você pode pedir pra eu me afastar

Só não pode obrigar-me a te esquecer [..]

Renato Santos