esgotando
Temporada alegrou e desfez seus quebrantos.
Passo as mãos pelas paredes.
Sinto o calor armazenado.
Acariciando os meus cantos.
Meninos torcem o galho, o nariz.
Mijam nas calças, caçam ovos de poedeiras
Saem a escorregar de bunda pelas ladeiras,
Aprontam de mil maneiras, pra ser feliz.
O dia vai se esgotando, de luz.
P’rum lado acinzentando, p’outro avermelhando.
Esse início de noite me seduz.
Eu fico assim olhando, azeitando e me assemelhando.
Aos gatos que saem em caça.
Saudade me abandona, quero ver de novo esta dona.
Sentir seu beijo morno, molhado, de sabor delicado.
Sonho noites e dias, mordiscado por querer.
Olhos vermelhos de estar, a fitar o portão a lhe esperar.