grito oco
minha garganta seca
vomita um grito oco
no escuro diáfano que me rumina,
revolvo na boca da noite
meu beco da morte
o vazio da cama
de mil eras,
reconheço-me
acidentalmente, nada!
essencialmente, falta!
engatinho ir-sendo
ausências e vontades de tudo,
estilhaços do cristal
de forma distante
cortaram-me a jugular
pelo silêncio,
fizeram-me aos pedaços
repetidas existências frustradas.