CAMINHO (aos terrões do sertão do Indaiá)
Não era uma estrada
Era um caminho
De chão batido
Por pés cansados
Há tantos anos
Passados
E agora há anos
Presentes
Apressados.
Não é uma estrada
É um caminho
De terra seca e sem chuva
Infecunda
De passageiros tantos
De dores tantas
De conversas tantas
De saudades tantas
De lágrimas tantas.
Há no entanto uma beleza
Em seu entorno
De um verde belo
Esperança
Tal qual criança
Sorrindo.
Um caminho duro
Ressequido e inabitável
Chão batido
Dores e alegrias passantes
Vão indo.
Caminho subindo montanha
Verde emoldurando
Chão dolorido, ressecado
Pés vários, pisado
Guardando histórias e segredos
Juras de amor, degredos
Tão bonito de se ver
Serpenteando morro acima
Ou abaixo
Subir e descer.
Mais que uma estrada
Um caminho
Perdido
Sozinho.
Cumpre a sina de ser passagem
Sem gerar vida
Terra batida
Nostálgico
Sem alma aflita
Viagem.