DEFINICAO DE POESIA

desenhar, destilar e deslocar o fio milimetrico dos continentes vistos de cima e de longe, a pureza das tulipas prensadas para fora das camaras dos perfumistas, as chatices dos quadrados em arestas invisiveis de circulos. desenhar, destilar e deslocar o desejo em projeto para o desejo , o sentimento em imagem para o sentimento , a compreensão em obstaculo para a compreensao. eu, eu não sou mais eu. sou o parafilico desenhista de quimeras, que nao quer ter filhos, que nega as eras, aconchegantes do atomo ultimo do tempo. sou o poeta que desmembra com amores de animais os escandalos de outros poetas, corta ao meio as perplexidades verdadeiras com piadas, e enfia terra e pedrinhas irritantes, irregulares, de calcio e areia, no molde impresso sobre a cara da poesia.

as definicoes, deixo-as para o que penso enquanto janto. o fundo falso que toda a definicao carrega eh ser uma justificativa para algo exterior a ela. e para mim, bestas livres, almas virgens, mulheres utopicas, homens intocaveis, demônios de cera, apenas os elementos prematuros estao justificados a nascer neste mundo.FIM