O GARIMPEIRO
O poeta é como um garimpeiro
Ele mergulha a bateia
No universo das palavras
Traz os excessos:
Adjetivações,
Pontuações,
Palavras supérfluas,
Explicações,
O texto surge como uma névoa.
Ele começa a limpar a bateia
fazendo movimentos
Jogando no canto:
As besteiras,
Os clichês,
O grosso,
Os restos
De ciclo em ciclo
Vai surgindo:
A métrica,
As rimas,
As imagens,
A música
E emergi o poema econômico
Com suas palavras
Preciosas,
Selecionadas,
Lapidadas
O poeta recolhe estas palavras
Vai arrumando uma embaixo da outra
Numa folha de papel em branco
Para conservá-las, contemplá-las e guardá-las
No seu baú de memórias fragmentadas.
O Senhor das Palavras