infância envelopada
Quero é entrar no reino
do homens...
atravessar o muro, me
jogar de jangada, me
desaprender, corresponder
a mim mesmo, acreditar
nas pedra, nos dons,
nas galerias de insetos,
me jogar de jangada ao mar
(deixar infância envelopada
dopada da falta de amor...
deixar esse rasgo na existência
e pratear meus passos
meus dedos, meus cabelos
castanhos e minha falta de amor)
ser inteiramente ser...
voltar ao janeiro trigueiro
deitar sobre aquela terra
e me juntar ao sol
que sei que ainda nasce
naquele lugar...
me intercalar aos pedregulhos
aos marulhos, as resmas de
de comida, as formigas que
patinam cegas nos buracos
da terra....
e não mais dormir
não mais nascer...
e não mais acordar
não ser apenas fome
mas apenas ser...