A Cor da Morte
Misteriosa presença que assombra
presença nos faz procurar à sombra
qualquer coisa que traga-nos pavor
sem pensar que bem no fundo
o que a presença faz no mundo
deve ser aceito como favor
Louco, deves tu pensar que sou
mas nada sabes do que passou
e nem onde mi' mente me leva
na morte sempre pensas com temor
talvez associa-la a vossa dor
sem pensar no peso que carrega
Pela presença, que aprendi a abraçar
quem sabe um dia poça eu louvar
e um dia acabar com toda a dor
minh'atração que um dia fez pensar
que a morte, com todo seu pesar
talvez nos veja apenas como cor
Talvez seja apenas uma distração
ao pensar que d'outro coração
deverás cessar o teu bater
e o mais triste ainda, creio eu
é saber que o coração que bateu
não trouxe sentido ao seu viver
Essa morte me seria cinza
pois o antigo ser ranzinza
nunca a vida conheceu
e o triste mesmo é saber
que sua vida foi sem viver
até o dia que pereceu
Ou quem sabe uma vermelha
pois mesmo que tudo tenha
nada foi na ausencia de amor
nunca fez nada pra valer
e até o dia de perecer
não soube da paixão ou dor
Vejo-a então como marrom
pois mesmo o forte tom
é ofuscado d'entro da floresta
existindo sob e sobre a terra
mas no fundo somente erra
pois nem sequer entra na festa
Quem sabe então de violeta
por desconhecer sua julieta
que poderia teu mundo transformar
mas no fim de toda conta
quando a morte estava pronta
o que pode foi se conformar
Ou talvez uma cor diferente
um mero branco aparente
disformado e distorcido
mesma cor que agora está
e talvez pra sempre estará
na pele do então falecido
O fato é que não entendo de cor
não conheço sequer sua dor
e talvez a morte poça decidir
pois um dia o seu destino
fará badalar seu sino
que indica o momento de partir
Preta me seria minha morte
a mesma cor de minha sorte
cor que creio ser criteriosa
mas sem dúvida, misteriosa