ESTE FRIO QUE ME ATORMENTA!
É de fazer tremer o dente, este frio que está lá fora
Que aqui no quente da lareira, eu penso agora
Em escrever tão vã poesia, que pouco ou nada quer dizer.
Para vós nem sei se tem interesse, o que aqui digo
Se valerá a pena, deixá-la assim de fora do jazigo
Não seja ao menos pra matar…o meu prazer!
É domingo e a minha mente sente-se inquietante
E em sonhos revejo-me, um louco alucinante
Ainda que meu corpo trema de arrepio.
A chuva na calçada, compassa o seu trinado
E eu aqui dedilho, um pouco do meu fado
Porque aos poucos vou esquecendo…aquele frio!
Dedilho letras e mais letras, que às vezes receio
Abro o livro da vida, e as páginas, folheio
Mas sempre a tremer, porque as mágoas consomem.
E ao mirar o céu, desvendo o enredo
Eu teimo em crescer, mas considero ser cedo
Porque sou um menino…querendo ser Homem!
É tarde… e as horas avançam sem dó
E aqui sentado, eu sinto-me tão só
Já nem sei dizer, se é oito ou oitenta.
Vai sendo já tempo de ir para a cama
Vestir meu cálido e macio pijama
Porque hoje decerto…este frio me atormenta!