MEU ETERNO CARNAVAL
Soaram os clarins!
E eu te busco na multidão
de nossos corpos desvelados,
perdidos entre serpentinas e ilusões;
a fervilhar neste chão empoeirado.
Neste baile profano
onde o real se mistura à fantasia.
O tempo, não convidado,
não impõe limite entre a noite e o dia.
Permitindo que se toquem,
molhados pela chuva de confetes
que amaciam o leito;
palco de volúpia,paixão e nostalgia.
Pouco importa se a quarta
é de cinzas, ou da mais pura prata
forjada nos restos de nossos corações queimados.
Eternizamos essa noite, vizinha do abismo,
limiar do apagado crepúsculo,
para ficarmos assim... Quietinhos...
Fitando-nos com olhos derrotados.
(Íris Rago)