Tempo amadurado
Antes eu sofria
por qualquer coisa,
até por um coice
de égua...
nas iluminuras
da rua, as casas
tem suas janelas
e suas caras amarelas;
tem seus descontos
e suas causas chinelos
agora, num sono
amadurado, deixo
de correr os olhos
pelo parapeito da infância
e debruço na calçada...e vejo
seus arbustos mornos
seus juncos estrábicos
os bêbados insones
as plantinhas escoadas;
os vizinhos me olham
desconfiados, não sabe
que a guerra acabou,
que as cobras foram
chupadas, e os caciques
estronados...
não há o bicho
arquejante, a manana
de elefante, nem
a estrada sombria...
o que tem é a pedra
a pedra que indiferente...
mas essa eu já sabia
nesse tempo amadurado
toma, coice de égua!