Tempo amadurado

Antes eu sofria

por qualquer coisa,

até por um coice

de égua...

nas iluminuras

da rua, as casas

tem suas janelas

e suas caras amarelas;

tem seus descontos

e suas causas chinelos

agora, num sono

amadurado, deixo

de correr os olhos

pelo parapeito da infância

e debruço na calçada...e vejo

seus arbustos mornos

seus juncos estrábicos

os bêbados insones

as plantinhas escoadas;

os vizinhos me olham

desconfiados, não sabe

que a guerra acabou,

que as cobras foram

chupadas, e os caciques

estronados...

não há o bicho

arquejante, a manana

de elefante, nem

a estrada sombria...

o que tem é a pedra

a pedra que indiferente...

mas essa eu já sabia

nesse tempo amadurado

toma, coice de égua!

Ariano Monteiro
Enviado por Ariano Monteiro em 20/01/2013
Código do texto: T4095251
Classificação de conteúdo: seguro