Elegia beat
Onde está o fantasma do velho drogado
Que outrora assombrava
Minhas mãos que escreviam
Onde está o guru barbado
De hábitos poéticos reprováveis
Falando de merda como quem fala
Da mais sublime das experiências
E o prolixo querubim estradeiro
Enxergando transcendência na imundície
Destruindo seu pacato angélico fígado
Com vinho de má qualidade
Onde estão todos esses loucos
Que me deixaram maluco
Com suas metáforas e imagens
Com seus versos e melodias
Com suas luzes sombrias
Sinto-me tão solitário
Sem suas palavras ressoando
Na antecâmara de meus miolos
Seus móbiles semânticos
Delirantes jogos quânticos
Flutuando feito santos
Ascendendo ao infinito
Sei que todos têm o direito
De exercer sua trôpega carne
Até os limites da própria patologia
Mas quem diria que eu estaria
Sozinho aqui
Sobrevivendo a mim mesmo
Apenas para senti-los esgotados
Em minha imaginação moribunda