As mãos tem memória
Ah! Se as mãos pudessem falar
Se as mãos ousassem transmitir o que sentiram…
Se soubessem dizer dos carinhos…
Se soubessem dizer dos caminhos que fizeram
E viveram… e gostaram!
Se as minhas mãos falassem das noites passadas
Das passadas que deram na primavera do teu corpo
Ah! Se as mãos pudessem falar…
Se as mãos pudessem pintar
O teu olhar de ternura
Se soubessem contar a textura
Da pele que me inundou a vida…
Que me encheu de vida…
Mas as mãos só têm dedos
E memória…
Coitadas das mãos que não têm história!
Que não sabem os caminhos
Que não têm nada para contar
Nem sequer outras mãos para afagar
Coitadas das histórias
Que não tem mãos para contar
Nem dedos que escrevam as memórias
Nem memórias…
Nem caminhos…
Resumi a história das minhas mãos
Como se cada mão falasse
E de súbito
Um silêncio cúmplice instala-se
Ressoa
16/04/2004