Balões de madeira

Um corvo magro de sutileza estranha

Andando na renitente arquibancada

Filtrada de mar de uma gente assustada

Com sua presença pitoresca e volúvel.

Corvo pouco lúcido de tanto pelejar, queria se

Livrar das suas penas negras, que o fazia sumir,

Na noite de poucas estrelas, iluminadas na mente,

Do coitado só pelo luar, para ele ingrato luar.

Descalço ainda peregrino cada vez mais coagido

Pela força da noite, resolveu então parar na calada,

Segurou nas suas asas chorando por ter os negros

Nos tons dos olhos por ter os negros profundos de uma

Noite amargurada, desnuda e sem vergonha;

Calaste então a alma de uma ausência clara de palavras,

Da melanina que contém nos olhos que carrega no peito

De um preto cisne que não voa, balões de madeiras.

Renato Narciso
Enviado por Renato Narciso em 19/01/2013
Código do texto: T4093982
Classificação de conteúdo: seguro