SILÊNCIO II

Calou-se-me a voz...

Ante a tua mudez.

Silêncio feito de nós,

em teia, de nossa nudez.

Calou-se-me a palavra

Não dita mas pensada,

Cultivada na lavra

arada, da insensatez armada.

Calou-se-me o grito

da dor mortal.

Cumpriu-se o rito

do adeus, afinal.

Calou-se-me o pranto,

a riscar o meu rosto,

corredeira de desencanto,

Rio-cicatriz do desgosto.