CONSELHO DAS HORAS

Imagino o rosto do mar,

A voz explodindo em murmúrios

E o perfume espargido no ar.

Sinto que o real se torna irreal,

Internando-se em meu pensamento

Com a força que vem da ausência

Dos sonhos que foram afogados

Nas águas revoltas do tempo.

Passadas marcadas na areia

Da minha praia interior

São réplicas da andança

De mãos dadas e cabelos ao vento

Em direção à ilha oculta

No horizonte da felicidade.

Claros sinais a vida me deu,

Luz sensual nuns olhos;

Barcos de palavras insinuantes

Navegaram em meu silêncio.

Apressa-te! Aconselharam-me as horas.

Perdi-me entre gaivotas,

Esperei demais pelo nascer do sol

No cais da insegurança.

07/08/05.