E AGORA?

O sangue que anima a vida

Escorre mortífero

E a vida no organismo

Fecunda a morte

Desenvolvendo-se nas veias

Destruindo a sorte

E agora?

A festa acabou

A cortina caiu

Os amigos se foram

Restou a parceira dor

O tombo para a cova

É o preço do prazer

Das noites de orgias

Das farras e loucuras

Que fizeram viver

Que fizeram feliz

E hoje faz padecer

Na cama o abandono

Criticado, triste e infeliz e só

Consumido pela putrefação

Pela doença que corrói a matéria

Que transforma a vida em pó

Já não tens o conforto do riso

És morto vivo que vaga

Em meio a pensamentos

Remoendo a dor

Sem rumo certo, sem estrada

Já não existe amor

Nem sinais do sorriso

Só o sopro de vida que se apaga

Encontra pelos caminhos

Olhares que incriminam e afrontam

Línguas que ferem

Bocas que riem e dedos que apontam

E lágrimas que rolam

Implorando apoio dos que zombam

O destino está traçado,

Certo, imutável, sem retorno

A morte virá cedo

Tal qual condenado, sem defesa

Não existirá nenhum acordo

A vida cai pelos cabelos

Pelas carnes que secam

Triste corpo esquelético de aidético

Esta é a romaria vemos

Hemofílicos, viciados patéticos,

Homens e mulheres propagando o mal

E agora?

A agonia espreita por perto

A morte é certa

O sonho acabou

O pesadelo desperta

Chega o fim da dor

Gabriel do Além
Enviado por Gabriel do Além em 11/03/2007
Código do texto: T409220