E AGORA?
O sangue que anima a vida
Escorre mortífero
E a vida no organismo
Fecunda a morte
Desenvolvendo-se nas veias
Destruindo a sorte
E agora?
A festa acabou
A cortina caiu
Os amigos se foram
Restou a parceira dor
O tombo para a cova
É o preço do prazer
Das noites de orgias
Das farras e loucuras
Que fizeram viver
Que fizeram feliz
E hoje faz padecer
Na cama o abandono
Criticado, triste e infeliz e só
Consumido pela putrefação
Pela doença que corrói a matéria
Que transforma a vida em pó
Já não tens o conforto do riso
És morto vivo que vaga
Em meio a pensamentos
Remoendo a dor
Sem rumo certo, sem estrada
Já não existe amor
Nem sinais do sorriso
Só o sopro de vida que se apaga
Encontra pelos caminhos
Olhares que incriminam e afrontam
Línguas que ferem
Bocas que riem e dedos que apontam
E lágrimas que rolam
Implorando apoio dos que zombam
O destino está traçado,
Certo, imutável, sem retorno
A morte virá cedo
Tal qual condenado, sem defesa
Não existirá nenhum acordo
A vida cai pelos cabelos
Pelas carnes que secam
Triste corpo esquelético de aidético
Esta é a romaria vemos
Hemofílicos, viciados patéticos,
Homens e mulheres propagando o mal
E agora?
A agonia espreita por perto
A morte é certa
O sonho acabou
O pesadelo desperta
Chega o fim da dor