Muriel e outro poemas
Muriel
Ao se jogar no mar
O sol lhe banhava
A mentira...
As estrelas já lhe furava
O mundo...
Eram corridas
Espátulas perfuradas
De perfumes
E quase ao derradeiro
Dia, já no pórtico da flor
Sucumbiu o seu desejo
E retornou "a si"
Sieoreio
No cume da queda
Na fenda que liga
Duas cidades...
O Vão é flor,
É sentinela de rei
É ferida de narciso
O beijo de língua
Suga o medo,
E nasce duas flor de
Amarelo no cume
Da queda...
Ali, arma-se
Uma nova terra..
Onde tudo que planta
Cresce...
Criatório
Cria-se também
No ar, no arrebol
Sujo, entre a terra
E o mar, no entremeio
Onde as ondas
Sucumbe ao cansaço
E onde, pelo fato
De ser e não ser
A vida é dura
Como aço
Cortina pétrea
Existe tu
Ou eu posso ver
O céu azul?
Tua cena se pôs no mundo
Do barco adornado O muro sujo
Tua cena me acordou
Um dia, e me marchou
Por dentro, na cerâmica
Fria, e singrou o tijolo cozido
Rasgou o mar, e afundou
No nojo,
A lama contorna as cerejas
E as bolhas nos brinda de gozo
Do seu vestido
Te guardo
Do medo,
Teu sutiã
Te expõe os
Dedos, (...)
E meus olhos
Some na gafieira
Da vontade...
Eu posso ser uma
Primavera no seu andar...
Distância
Gracioso, o mundo
Velho se contorce
Na dança...
E todos chamam
E todos amam;
A milhões de anos
Uma estrela morria
Hoje recebemos
Ainda quente, muito
Grato, Sua pele macia.....