Falta-nos coragem
A gente se fecha
No escuro do quarto
No seio da mente
Desvio corrente
Da desilusão
Quase sempre nem penso
A música soa
Escondo-me dentro
A verdade ecoa
Já fujo correndo
Falta-nos coragem
De agir com fervor
De sofrer em franqueza
Sem guardar rancor
E a dor a gente sente
Ou deixa,
Ou guarda, sem queixa
Que seja, já sei que a vida segue
Não negue
Você já se escondeu do mundo
E o mundo não te deixa em paz
Viver é ferir as mãos nos espinhos
Mas ainda se sentir capaz
Por essas que não me importo mais
Com os fardos acumulados
Pretendo não embargar
Outros tantos, amontoados
Alucinados
Prestes a explodir
Da vida que retêm
Que tratam com desdém
Com medo de perder
Medo de viver
Exibindo externo equilíbrio
Estando por dentro a morrer
O "correto" nunca cede
Sede, só lhe consome
Acata ordens diretas
Daquilo que não tem nome
Consciência, subjetivo comando
De tantos que se medem
Dizendo não ao desejos
Que os bons modos impedem
Falta-nos coragem
De gritar o amor ao vento
Correr descalço na chuva
De chorar por um momento