Crematório

O verão sempre defende a troca de calor,

ofende o vínculo dos limites, em celsius,

explode pressões arteriais e demite a paz,

faz sexo com o fogo, escorre lavra no suor.

O sol seu ente maior, no crematório voraz,

mente e acende o inferno, casa de intolerância,

ânsia de corpos, abrasão de peles salgadas,

dor de peito ardido e boca mordida pelo pudor.

O verão é sempre um doente terminal, agonia,

sufocamento, fumaça de emoções, ebulições,

atraente tempo do nu ou louco seminarista só,

ativista das estações, cozinha o vermelho da cor.

A lua seu ente catalisador, na metrologia incapaz,

identifica no mapa do céu o país maior da noite,

por onde o vulcão se desfaz e descansa calmo,

para arder ao acordar, derretendo nosso tédio.

Dado Corrêa
Enviado por Dado Corrêa em 16/01/2013
Reeditado em 05/03/2013
Código do texto: T4088419
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