Crematório
O verão sempre defende a troca de calor,
ofende o vínculo dos limites, em celsius,
explode pressões arteriais e demite a paz,
faz sexo com o fogo, escorre lavra no suor.
O sol seu ente maior, no crematório voraz,
mente e acende o inferno, casa de intolerância,
ânsia de corpos, abrasão de peles salgadas,
dor de peito ardido e boca mordida pelo pudor.
O verão é sempre um doente terminal, agonia,
sufocamento, fumaça de emoções, ebulições,
atraente tempo do nu ou louco seminarista só,
ativista das estações, cozinha o vermelho da cor.
A lua seu ente catalisador, na metrologia incapaz,
identifica no mapa do céu o país maior da noite,
por onde o vulcão se desfaz e descansa calmo,
para arder ao acordar, derretendo nosso tédio.