Quem és tu?
Quem és tu que se autodenomina homem desta terra
Que diz lutar pelo povo a todo custo
Que prende o teu tempo à mercê do povo
E rir, e chora, e canta como sendo o povo
E promete, e jura criar um mundo novo
Pregando aos quatros ventos sentir o que o pobre sente?
E insta o pobre homem a lutar por ti
Abraça as criancinhas e beija a mão do velho
Come com os pobres e dorme em suas redes
Mas ao fechar os olhos finge estar dormindo
E ao chegar em casa lava as mãos suadas
Sentindo-se nojento com o suor no corpo.
E logo toma um banho e troca a roupa suja
A mesma que abraçaste o pobre homem rude
Aquele a quem prometeste ir com ele ao fim
Lutar por seus direitos e sua dignidade
Jurando a sua palavra, a sua honestidade
Coisas que não tens e que jamais terás.
À noite vai pra cama e beija suas crianças
Nem lembra das crianças que beijaste ao dia
E dorme muito bem abraçado à esposa
Sem nem lembrar dos pobres que abraçaste ao dia
E sonha com um futuro e uma velhice justa
Sem nem lembrar do velho que beijaste ao dia.
Cadê tua consciência, oh homem desgraçado!
Por que enganas e mente ao povo sofrido?
Cadê teu juramento que fizeste um dia?
E agora tu esqueces o que foi prometido.
És tu o que governa esta humilde terra?
Oh, homem desgraçado, o que será de nós?