Enraivecer ou pecado da ira
Boca quente, rubor na face.
O sangue fervilha, sobe à cabeça,
A boca pragueja até que anoiteça
e não há quem controle, transforme ou disfarce.
Grito e repito, olho nos olhos
Vejo tudo vermelho, ao espelho.
Marimbondos cuspidos, fumaça nos cabelos.
E é assim de repente, raiva repentina, dolorida,
Que eleva batidas, aumenta o tom
da voz e da vida ao último volume.
Sem graça ou perdão, no chão, madeiras ao lume.
Mas é dor que passa, vento forte que acalma.
Onda revolta também se dissipa.
Livro que fica, já lido, página que vira,
Sol que se põe, resolvido, brasa que apaga,
Acaba, e põe fim a ira.