Homelete
em tardes, onde o câncer segue crescendo
o mundo finge que não vê
você que esta mudo, comece a cantar
o refrão que a pedra solitaria fabricou
certas noites, onde meu amor se afasta
sinto a solidão não compativel, me dizer "não lhe conheço mais"
sim, eu não sou mais seu amigo, eu até me visto melhor
e como melhor, e bebo melhor, eu sei, talvez ainda, não viva melhor
o que basta agora é abrir os olhos e ver o sol da capital,
questionar-se por que ainda brilha?,
enquanto ainda existir homens catando lixo,
as sete da manhã, é melhor chover, pra levar o lixo acumulado embora
doze homens fazem poesia, mas só um pode comprar cigarros
sete fadas cantam melodias, mas só três tem vida sexual ativa
e se fomos mentir a cada minuto, Deus vai se espantar
com a nossa criatividade mediocre
ontem, enquanto lia meu autor preferido
esqueci que um dia eu escrevi, alguma poesia,
e me perguntei por que?
não sou um poeta de lápides
uma viagem louca é o que necessito,
pegar meu amor e vagar pelo mundo desconhecido
sem dinheiro, sem pesar, sem medo do medo, de se sentir mais medo
de se afastar do palpável e beijar a mão de uma estátua, quebrada na praça
se eu fosse um escultor, me dedicaria aos seus seios,
belos, macios, torneados blocos de beleza integra
com gosto doce, como pêra excessivamente madura, com bálsamo espalhado
por toda superfície exuberante e singela
nos diálogos exarcebados de rancor e de ciúmes
revelam-se meus defeitos carnais, óh Deus ingrato que me fez macho
incapaz de perceber a verdade de uma mulher,
nem que nascesse de novo compreenderia, pois sou macho, burro, animal, incapaz....
quando me faço de tolo, é pra me disfarçar de belo
pois o belo é falso, quando o amor é fato
sem beleza e sem amor, resta o tato
o cheiro do amor latente e ralo, líquido, escoando, molhado
quem dera ser vivo de forma completa
e voar no céu como pássaro feliz,
cheio de penas e de leveza , ver do alto o mundo podre
mas lá, lá embaixo, nunca descer..