O Poeta, a Lua e o Guardanapo

Noite quente, solitária e triste

A Lua cheia reina absoluta

Imensa no céu

Não há nuvens,

Nem estrelas...

Altiva com uma deusa romana

De cima contempla

o mundo aqui embaixo

As pessoas se movem,

O mundo se move,

As dores não...

Um mundo apressado

Por vezes não a percebe

Em cada fase uma mensagem

Cheia, nova, minguante, crescente

Ela vai e vem

Vem e vai

O vento a toca,

As nuvens a desejam,

As estrelas a invejam...

E ela sempre lá

Linda, fria e sozinha

Em uma mesa solitária

Em um botequim qualquer

Divago entre um copo e outro

derramo sobre um guardanapo

as ansiedades de todos os dias

Neles minhas dores verbalizo

Ao contemplar a Lua

Reflito nela a minha solidão

Lá de cima a brilhante e imponente lua

acompanha em silêncio a dor deste poeta

que entre copos reluzentes

afoga os pensamentos

E deseja ser o Rei Midas.

Ah, quem dera transformar em ouro

a dor que invade e dilacera a minh´alma

É nesse cenário iluminado por ela

que essa triste criatura

em meio as sombras refletidas,

transforma em versos

a vida sem contentamento

E as paixões outrora perdidas

Afogo em um guardanapo molhado

em meio as lágrimas doídas

A minha triste sina

Semelhante a Lua

Viver, passar, refletir

sempre solitária e fria.

08/11/10

Elô Araújo
Enviado por Elô Araújo em 14/01/2013
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