POEMA INACABADO... 85
Desde jovem, o poeta e ela vinham neste banco sentar,
Sob esta árvore frondosa, com lindas flores a adornar,
Fazendo juras de amor, para ela a recitar,
Enquanto ouviam, abraçados, os pássaros a cantar...
Juntos faziam planos, vida longa sem desenganos,
E assim o poeta cantou, em versos por muitos anos,
Agora só, ele vem para a praça lentamente,
Traz o velho caderno, companheiro de todo o sempre...
Senta no banco todas as tardes, a escrever sem parar,
É o poema do adeus, que não consegue acabar,
Gesticula com as mãos, como se a quisesse alcançar,
Está ele, como sempre, para ela a declamar...
O sol já se põe no horizonte, e ele continua ali sentado,
Com a derradeira estrofe, do verso, agora acabado...
O velho poeta, enfim, havia descansado...
E o caderno em seu colo jazia...
Pelas lágrimas banhado...