Pecado Indolor
Diga que não estou.
Avise que já estou chegando.
Mas não fui eu, ninguém me avisou
Não obstante, mimetizando, chego voando.
Você não sabe da missa a metade
E a história começa, faz festa, aumenta
Não é bem assim, é meia verdade
A verdadeira vida que segue, não negue, ninguém aguenta.
E ninguém se arrepende, inventa, finge , cria e sustenta
Nas mãos do poeta, discreta, a mentira que aumenta,
Que imita, voz que se expande,
Vem de onde? Veia que palpita.
Já estou a caminho,demoro, as pernas são curtas, mas nem saí.
Comecei, voltei, refiz e me perdi.
Na mentira que evito, repito, novelo desfeito, no peito,
Teia pegajosa, sem jeito, viver o que não vivi.