DESTERNURADO
Tal como amo as mulheres
Gosto do febril e seleto café
Queimando-nos a língua
Espalhando seu odor
Forte ou suave
Mas, imperativamente singular
Gosto das coisas quentes
Testando a língua
Marcando a invasão do corpo
Cravando suas marcas
Impondo sua energia
Em sinergia com o degustador
Por dentro e por fora
Não me sirva deste prazer
Sem antes acendê-lo
E sentir que mesmo contido
Há transferência de temperaturas
Teu calor é forte
Teu paladar é sorte
Em tua essência o corte
Faz distinta separação
Entre os que estão prontos ou não
Para desnudarem-se por ti
Quero tua chama menos calma
Teu calor em minh’alma
Voracidade sem ternura
Sentir-me inteiro, entregue a ti
Provar, saciar, suar e dormir
Que por favor, vá além clímax
A tua temperatura.