ALIMENTO DE MIM

São cinco e trinta e nove da manhã

De mim.

Os sentimentos gritam por sair, mas estou passivo a eles

Que me mexem, me agitam.

Os afazeres e os deveres são quereres impostos

Que me obrigam a me esquecer

E seguir sem nem pensar

Sem nem dizer das coisas do mundo

Não que o mundo esteja sem respostas

Sem sonhos ou fantasias

Posto que a fantasia está em mim

Não é isso.

É o parar mesmo

É o olhar diferente para as gentes que passam

Diante de mim

E que preciso ver mais e além

Ter olhar biônico, essa é a questão

Entregar as cartas do baralho me deixa cego

Me retira dos choques de mim e do outro

Que me humaniza e me dilata

O dia acontece, mas não acontece de verdade

(exijo demais: verdade...)

O mundo está em suspenso. Caminha, porém.

As coisas parecem ser e não: que questão

Por que preciso tanto desse estar alheio

Virar fantasma de mim e planar sobre tudo.

Meu espírito é pequeno demais

E deseja sempre ser alimentado para poder sobreviver.

Digo e repito: tenho medo de morrer de fome de mim, do outro e do mundo

A fome do mundo: é isso

Sinto essa fome

Que nunca é saciada, logo infinita de mim

A vontade animal de alimento da vida

E olhá-la mais e profundo.

O mundo é o alimento

Vários alimentos em um

Cores em uma

Sabores únicos

Espaços limitados

Presos por travessas de mim

JAMERSON SILVA
Enviado por JAMERSON SILVA em 12/01/2013
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