Licença Poética
Numa pequena fenda da pele,
entre a dor e a insignificância,
estabeleço a doce intolerância,
dose permissiva, licença poética.
Do odor dos pêssegos maduros,
ao rancor dos cristais dos olhos,
ao texto frio, pela morte estética,
rabisco idéias pichadas nos muros.
Numa pequena vermelha ferida,
a encardida toalha de pano azul,
enxuga meu engano torturador,
a eterna condenação absolvida.