Minha poesia
Minha poesia concreta
discreta
secreta
é assim como quem diz
que um dia serei feliz.
É assim como quem volta
ou como quem parte.
Quem saberá o que fiz
e o que não fiz?
Podemos amar? Sonhar?
e, quem sabe, cantar?
Uma valsa de Baudelaire,
talvez como quem quer
fazer coisas pra rimar.
Minha poesia é o caos,
minha poesia é o cós,
minha poesia é o pós,
ou o pré, não sei.
Às vezes me encanto com meu canto,
às vezes me espanto
e sinto o mundo
de Raimundo ou e Drummond.
Não é o que deveria, ou poderia.
Sei o que é o mundo, vasto mundo emprestado,
num estádio, num estágio de não volta,
ou de não ida.
Aida de Verdi, de verde se veste
como devia o mundo, profundo
e pro fundo vai... do poço.
(Que osso duro duro de roer)
A vida, vivida, contida
numa lágrima de outrora,
numa lágrima de agora,
agora...
numa lágrima...
Minha poesia consola,
ou isola, minha poesia.
Minha poesia...
Sou eu!