[Ela, o Tempo e Eu]
Os seus olhos castanhos
apenas passeiam pelas coisas,
sem cuidar de interrogações...
A sua face tranquila tem a calma
de quem está bem por só estar,
e na voz meio rouca, mas suave,
nem há saltos de interjeições!
Ela é, ao mesmo tempo,
insuportavelmente bela
e insultuosamente jovem!
Os seus movimentos, a sua graça,
enfim, tudo nela me anuncia,
sem que eu ouça uma só palavra,
que o [meu] tempo me devora!
Ah... se eu não tenho futuro,
de onde tirei a descabida ousadia
de me expor a essa presença?!
Ai, por que não morri aos 27?!
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[Desterro, 12 de janeiro de 2013]