CID TEIXEIRA DE ABREU(Soneto de Amor)

Soneto de Amor
(Cid Teixeira*02.07.1937/10.12.2004)

o meu amor é só. como as gaivotas,
criei-o na aurora dos rochedos,
acima da impotência dos enredos,
na trilha insondável de outras rotas

meu amor é meu ser e meus segredos,
a virtude trincada de revoltas.
se não há o querer de eras remotas,
ausência também há de velhos medos...

e cibório de nervos e memória
tensa, coberta de sangue — oh granito!
dólmans brancos nas páginas da história.

o meu amor... quem sabe compreendê-lo,
se a própria alma, na angústia do infinito,
é chama e cinza, é ternura e gelo?!...