MEMORANDO

Saber de todo passado,

Passando não sabemos

Esvai-se a memória no tempo...

Como piscar de vaga-lume

Fagulhas, lampejos vêem

Fracos na distância

Faz-se a vida filme

Fracionado, mudo, sem cor

Alarmando a gente

Com uma foto do passado

Um fato constatado

Sem enredo ao redor

A memória se esvai

E permite de novo o erro

Na política não há enterro

Toda vez erra o caminho

Morre de sede o canarinho

Vê que está sem documento

Não anota o recado a tempo

Falta ao aniversário da amada

A receita de cor sai errada

No outro andar desceu

Não sabe quando nasceu

Fica de fora trancado

Chama o João de Eduardo

Com o remédio se engana

Ferve o leite e derrama...

Esvai-se a memória

Vilã de nossa história

A saudade fica ferida

Fica saudade partida

E com pegadas apagadas

Achamos que vivemos

Quase nada.