LUA

Trajetória dos meus olhos,

rastro da minha consciência,

na cinza das nossas mãos,

no ar da esperança eterna.

Meus pensamentos têm fome,

minha esperança fugiu

em busca da lua

na rua.

A infidelidade dos meus sonhos

repete nos meus ouvidos:

“Viver é uma redundância”.

Espero que as nuvens

abram uma fresta no céu,

eu quero espiar a lua,

sentir o frio da lua,

a lua da lua,

a lua.

Que bom se a noite ficasse

e dormisse nos meus braços,

sentindo o frio da lua,

a lua.

– Do livro VERTENTES E MANANCIAIS. Torres: Triângulo, 2006, p. 52.