A MINHA RUA - (da série Ferlinghettiniana)
A minha rua dá em Roma e em Washington DC.
Do outro lado há um beco,
Onde uma criança “sorridente, feia e morta, estende a mão”, fumando um cachimbo com crack.
Na minha rua há um prédio azul envidraçado
Onde engravatados contam grana e controlam a Cidade.
Há nela uma favela e um campinho onde corre uma bola
E esgoto a ceu aberto.
É certo. Por ali passa um trem lotado e atrasado.
Nela cruzam-se vielas e mansões
Resorts de 3 mil dólares a diária
Essa rua fica na minha cidade
E é a rua mais longa de todo o mundo
Onde cabem todas as cenas e contradições e quinhentos e tantos anos de misérias.
...
Levemente inspirado em Lawrence Ferlinghetti, poeta norte-americano da geral beat.