Despensa vazia

Eu que pensava

O amor e não

Sentia o amor,

Que via a casca

Mas não via a madeira

Branca, ou preta ou

Vermelha, os veios, os

Lugares carcomidos

De cupim, a sua parte

Apodrecida, outras

Afofadas, frágeis,

Riscadas já pela morte

Eu que tomava a aparência

Pela vida, que

Suspenso num cordão

De umbigo não via

O sofreguidão que existe

Dentro da madeira, sua

Morte anunciada, suas

Várias mortes guardadas...

Em desespero em estar

De pé, não via sua lascidão

Diante das tempestades

Seu medo nas folhas que

Caiam...

Eu que pensava o amor

Eu que não sabia o que

Era amor

O solidão não Está

Dentro da gente..

Está na nossa fuga

No nosso desespero

De ficar só...

Na busca do outro

Quando esse outro

Não tem a si...

Dentro da gente

Não existe solidão

O que existe são

Cômodos desconhecidos

Portas inseguras,

Janelas mal fechadas

E despensa vazia

E o medo de ver

Que tudo isso tem

Jeito..

Ariano Monteiro
Enviado por Ariano Monteiro em 10/01/2013
Reeditado em 10/01/2013
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