berradas

berradas

o botoque joga pedra

quebra o vidro da janela

quebra o sonho da infância

joga fogo nesse mundo

e acende a primavera

passa tia, passa tio

passa rio, passa todos

meus irmãos, minha

vó, meu pai e minha mãe

passa logo, coração!

trotando pela caatinga

os rostos vão morrendo

pelas ciladas ou pelas

carapuças mal amarradas....

e o bodoque joga bala

o batoque acerta a cara

o bodoque é meu amigo

o botoque é meu irmão

o desfiladeiro é grande

e a fumaça se chama tédio

do poema sou o ébrio

meu mundo é um casebre

ja montei em cavalo brabo

já busquei mulher casada

ja levei caçoada é muita berradas

desci corredeiras divinas...

ja cometi assassínios metafisicos

e agora sob o mar...

no espelho de criança

vejo tudo muito louco

meu botoque estira pouco

E não acerto a esperança...

Ariano Monteiro
Enviado por Ariano Monteiro em 10/01/2013
Reeditado em 10/01/2013
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