berradas
berradas
o botoque joga pedra
quebra o vidro da janela
quebra o sonho da infância
joga fogo nesse mundo
e acende a primavera
passa tia, passa tio
passa rio, passa todos
meus irmãos, minha
vó, meu pai e minha mãe
passa logo, coração!
trotando pela caatinga
os rostos vão morrendo
pelas ciladas ou pelas
carapuças mal amarradas....
e o bodoque joga bala
o batoque acerta a cara
o bodoque é meu amigo
o botoque é meu irmão
o desfiladeiro é grande
e a fumaça se chama tédio
do poema sou o ébrio
meu mundo é um casebre
ja montei em cavalo brabo
já busquei mulher casada
ja levei caçoada é muita berradas
desci corredeiras divinas...
ja cometi assassínios metafisicos
e agora sob o mar...
no espelho de criança
vejo tudo muito louco
meu botoque estira pouco
E não acerto a esperança...