deveras

o deverás dor

essa fumaça

que trago na carne

esse tédio que

embala meus dias

esse morfo empoleirado

esse sangue ralo que

nas veias entalam

essa parede densa

essa janela que se

fecha, esse céu que

nublado, quase nada

desperta....

é deveras dor essa

vontade ir embora

de voltar sei lá pra

onde, algum lugar

onde os mortos se

escondem....

é deveras dor viver

não ter mais o amor

de quando criança..

de não trazer mais

a leveza da esperança...

de amar pedra, palavras,

eras adormecida, tiros

de espingarda, as ladeiras

ingremes , que nunca passa,

nunca passa nada...

é deveras dor essa vida desgraçada