No caso de doer, grite

Apertaram muito as saudades de estar aqui. Então, trago alguns textos escritos nesse período de intensas atividades.

Entretanto, só mesmo após o Carnaval, voltarei a me movimentar, neste site, comentando textos publicados pelos escritores, meus colegas.

Dedico estas linhas que escrevi aos que aqui estiveram e imprimiram mais de 900 acessos a esta Escrivaninha.

Peço novamente desculpas por não estar com vocês e repito sobre a falta que me fazem e, também, a vontade de regressar.

Abraços e bjs,

Tânia

Quinze anos

Me faz tanto mal olhar a foto dos meus quinze anos e,

Depois, no espelho, ver outra com a qual não me acostumo

Esta outra não tem aquelas sobrancelhas bem delineadas

Aquela boca pura e crente

Nem os cabelos virgens

Sequer em coisa alguma a virgindade

Não só a natureza nos humilha

Cada um de nós contribui

Uns contra os outros

Espezinhando

Ardilosamente um túmulo providenciando

Para depois chorar socialmente

*

Paradigma

Escurece a natureza em prece

Choram os ramos d’arvoredos sobre mim

Escorre líquido um rosto

Desfazendo-se na toalha d’alvuras

A pergunta resvala

Sobre os sapatos dos convivas

Enfim um fim

D’esfacelada estrela

Indício

*

Banquete

Há que se escrever um poema sem poesia

Há que se obter poesia que não passe pelos sentidos

Uma poesia com necessidades especiais

Excluída e apontada

Incômoda para a literatura

Entre os normais

Há que se promulgar a lei

Do poeta fora dos trilhos

Que não ouve, não fala

Não tateia, não vê

E sente o salgado paladar

Do banquete da malograda inspiração

*

Requerimento

Venho por estes versos requerer

A poesia dos descampados

No altar dos miseráveis

Nos ermos

Atitudes não meço

Em termos

Peço deferimento

*

Vagabunda flor da ribeira

Flor da touceira

Não uma verbena

Não uma hortênsia

Muito menos uma petúnia

Mas uma vagabunda flor da ribeira

Ficou sem história

Sem eira

Sem beira