Poética do fim

Desfez a renda do poema,

que pena!

Tinha tanta leveza

a renda sobre a mesa...

Foi pro ralo.

Assim também os tecidos

que graciosamente me foram cedidos

pela tristeza.

Bom que nem precisei comprá-los!

Agora não adianta dizeres (porque pedi)

que confundiste palavras com tesouras

e usaste todas

pra desfiar os tecidos.

Vais desfiando

e eu vou definhando

todo amor que teci.

Depois emendo as fendas

e esses buracos na renda

esperando que meu orgulho se renda

mas não te importas...

Agora vem e me olhas

querendo que eu fale. Não me calo,

mas da metade do que falo,

o dobro ignoras!

Só escutas o que queres.

Saiba que bem sei

que me feres

cortes leves

em resposta a palavra nenhuma

de todas que falei!

O triste é que só ouviste

tudo o que eu queria dizer, mas não disse.

Saiba que não vale nem um poema, muito menos seu esboço

se o amor é pouco,

se um não importa pro outro

Agora sinto, mas não sinto muito,

sinto pouco.

Bom senso sempre diz

que o pior do amor, além do início

é o seu fim.

E dos teus beijos em câmera lenta,

já não sinto muito por aqueles apenas

que não serão dados a mim.

SkyFolks
Enviado por SkyFolks em 09/01/2013
Reeditado em 15/01/2013
Código do texto: T4075475
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