Primeira pessoa do singular
Eis aqui a palavra exata e elegante.
Austera e altiva.
Palavra precisa e perene
que me propõe, que me expõe
e evidencia minha presença no mundo.
Fala de mim e de meus equívocos.
Conta meus segredos e passa-me a limpo
para que o mundo me decifre.
Eis aqui a palavra que me cala porque grita meu nome.
Anuncia minhas tragédias,
Denuncia meus receios,
meus anseios e contradições.
Essa é a palavra que me rasga inteiro
Que me remenda e depois me veste.
Última palavra do momento.
Primeira palavra do devir.
Agora, nesse instante, eu sou “A palavra”.
Eu sou o verbo solitário e imperativo.
O substantivo próprio mal acompanhado
Por um adjetivo pátrio “mal falado”.
Eu hoje sou a palavra que dorme em tua boca!
Ouça-me...
Leia-me...
Traduza-me...
E se puder: Entenda-me!