Androides e lobos

Muito, mas muito...

Sério...

O homem.

Do buraco fez a casa;

Da escuridão fez a lâmpada;

Do fogo fez o fogão;

Converteu o calor em gelo;

Do gelo fez o calor;

Pinta e faz o quadro;

Escreve e faz a poesia;

Canta e realiza aquela magia...

Em plena luta param tudo.

Juntam-se a fogueira,

Acolhem-s e em suas saudades,

Falam de suas cidades,

Falam de suas famílias e lembram-se de seu amor.

Mas quando amanhece o dia,

Como animais vorazes;

Como imperadores insanos,

Seguem religiosamente a ordem da idade,

Obedecem leis;

São a mais pura burocracia.

Mas traem suas mulheres;

Fomentam a prostituição;

Matam sem compaixão;

Usam da corrupção para ter o mundo,

Porém quando são pegos;

Discutem a punição,

Mas são incapazes de punir os seus iguais.

Vendem o povo a miséria;

Lambuzam – se em risos e falsidade, dividindo os guineis,

Mudam os papeis para serem os senhores dos quarteis.

Em tempo de paz,

Inventam a guerra para aumentar os capitais.

O tempo passa, mas o vinho é o mesmo.

Aviões, vacinas, livros e luxuria;

Droga, sexo e rock roll.

Fome, holocausto, genocídios e tambores...

Não faz sentido, mas as vezes, pedem ajuda ao seu pior inimigo;

Bem como, são capazes de se arrepender,

Deixar de beber e voltar para casa do pai,

Como pastor convertido.

Eles são muitos,

Mas não podem ser só eles.

Há um sabiá cantando nos quintais

E a chuva chovendo no seio da terra pisada.