Silêncio dos quintais

O amor esperando

do outro lado do olhar

do mesmo lado da rua

no tempo das manhãs

que surgiam por entre

as brumas da aurora

escondendo a lua

do amor

que esperando fica

do mesmo lado do olhar

do outro lado da rua

Voam os pássaros do passado,

Maria

Trazem raminhos nos bicos

Raminhos de solidão

que apanharam no silêncio dos quintais

Quintais...

Quintais de terra cochilando

nas tardes ermas

As tardes feitas de terra

feito de terra o luar

de terra feita a minha vida

e a lágrima na terra caída

só não guardei o lugar

O tempo envelhecendo

inelutavelmente,

Maria

O tempo envelhecendo dentro

dos espelhos

dentro das distâncias esbatidas pelo lento

esquecer

Tudo o mais são estas miragens

sem nome

Apenas este sentimento que espera

inutilmente à janela,

contrito

dia após dia,

noite após noite

entre as flores

que a primavera deixou

em meio ao trinar dos pássaros

cântico das manhãs

mantra orvalhado pela névoa antiga

No mais tudo é silêncio

Ouve! Maria,

o silêncio continuado...

...é as borboletas no céu