Os sons da manhã
De manhã, passeando pelo terreiro,
Deparei-me com o silêncio das árvores.
Um silêncio grande e soberano.
De modo discreto, pouco afeito a barulho.
Silêncio que só se calava quando perturbado
pela euforia do vento.
Bem diferente, contudo, era o silêncio das galinhas
que habitam o terreiro
(Por demais ruidoso!).
Um silêncio que cacareja e pia,
ciscando o chão à procura do silêncio das minhocas.
Isso mesmo! Minhocas!
Esse, sim, é um silêncio de verdade!
Silêncio de alcova que conspira contra tudo e todos
nas entranhas do subsolo.
Elas, as minhocas, são altamente treinadas
na difícil arte de fazer silêncio.
Esperem! Pssss!
Ouço, também, o silêncio dos homens.
O temido silêncio humano.
Velhaco e falastrão.
Capaz de silenciar qualquer coisa viva
Só para dar vida a todas as “coisas mortas”
(Prédios, móveis, estradas, jóias... rancores).