Ode aos colibris



Esplêndida natureza que me serve
A mim um homem cego, rude, um trapo!
Ingrato a tudo que recebo e recebi.
Agora, então, me envergonha meu fracasso
Na oculta primazia do voo dos colibris.

Seus ninhos abençoados e tão leves...
Minha casa tem o peso de mil cruzes
Penso se fui eu mesmo que escolhi
Este vago dormitar em poucas luzes.
Ah! sonhos de Ícaro não são de colibris!

Nunca pensei em me curvar assim tão breve
Com a minha gigantesca inteligência
Pensando em ser o maior só me perdi
Nas curvas perigosas da aparência.
Perdão! Eu peço perdão aos colibris...


Imagem: Google.