[E finalmente, deu preto, 17!]
Sonhei, debati-me, fui, voltei, errei,
e sem saber-me atado à ilusão de velhas raízes,
volteei até me faltar corda ao pescoço!
E por fim, sojigado pelo cansaço, ouvi
o sarcasmo dos ventos da Grande Avenida,
desatar-se numa gargalhada sonora:
— "Aí está, idiota, dança o teu último tango,
e de cabeça gacha, sai de cena em silêncio,
pois no indemonstrável teorema da tua vida
deu preto, 17 — o batente de fim-de-linha!”
Presumo que só eu sei
o que isto quer dizer;
eu sou assim, arrogante mesmo,
— tenho este orgulho besta
de medir os outros da sobrancelha
para baixo — pífio orgulho!
Preto 17?! É meu mesmo;
viro um pinga na goela,
e engulo num só trago!
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[Desterro, 05 de janeiro de 2013]