LOUCURA
Envolve-me em tuas mãos,
Carregue-me aos mares que desposam os céus.
Inunda-me em mil desejos, seduz minha razão,
Que de tanto ser ou não,
Não vivencia a paixão dos disparates.
Vive dos meus pensamentos, como um parasita,
Sorvendo as verdades que brotam póstumas.
Sorrisos arcanos que o desprazer habita.
Silentes, desformes, facetas das sanas emoções.
Fere-me os olhos com a fúria do tornado,
Na tentativa de expor-me aos ventos nus,
Livres dos argueiros pela mira encomendado
Nos raios de filosofias que meu olhar decompôs.
Mas seja breve, senhora loucura.
Venha em doses como homeopatia.
Possua-me, por completo, a alma,
Até que da pena escorra poesia.